Em 2015, foram notificados 65.878 casos de sífilis adquirida no
País, sendo 33.381 em gestantes. A taxa entre elas aumentou de 3,7 para 11,2
casos a cada 1 mil nascidos vivos, entre 2010 e 2015 – um aumento em torno de
200%.No caso da sífilis
congênita, as taxas foram de 2,4 para 6,5 casos para cada 1 mil nascidos vivos,
no mesmo período. Em 2015, o País registrou em torno de 40 mil casos de sífilis
congênita. As mortes provocadas pela doença também cresceram de forma
expressiva: a taxa de mortalidade é de 7,4 casos para cada 100 mil nascidos
vivos
A Dra. Ana Cláudia Sodré explica os
motivos: primeiro porque teve um aumento da cobertura em termo de assistência médica
através da saúde de família, inclusive de uns anos para cá a Prefeitura do Rio
de Janeiro e de outras cidades têm feito a implementação deste projeto, que
consegue atingir um atendimento mais próximo da população. Então, quando se tem
mais atendimentos, se têm mais diagnósticos e quanto mais diagnóstico, mais
notificação em aumento doa casos.
A segunda causa é por causa da
falta do medicamento. Se trata de um medicamento barato, que normalmente cura a
maioria dos casos da sífilis, que é a penicilina benzatina e a falta deste
medicamento do mercado farmacológico, (já que a China parou com a produção do
mesmo e a distribuição para as farmácias para poder obrigar o aumento do
preço). “Quem lida com o comércio de medicamento preocupa-se com o lucro, mesmo
que este lucro seja às custas da dispensa e da prevalência da doença. No
Sudeste, estas formas duas das causas onde isso ocorreu”, disse.
Da sociedade médica geralmente temos
fóruns para tratar esta política de gestão. A maioria destes atendimentos são
feitos em unidades de saúde, então esses métodos da implementação desses
programas de saúde familiar é o que consegue chegar mais próximo da paciente,
através da prestação de uma saúde mais barata e que a logística deste
atendimento consegue oferecer à população um diagnóstico correto através
da assistência que chega através da consulta de rotina.
Ela completa ainda, que “não existe
no Brasil a cultura da prevenção. Então o paciente espera a sintomatologia para
conseguir ou ir buscar um atendimento. Por exemplo: se aparece uma ferida, ao
invés de ir ao médico, ele vai ao balcão da farmácia. Essa é a cultura que
prevalece e afasta o paciente do médico e do diagnóstico. Quem atende é o
balconista, que não tem o conhecimento de um médico para diagnosticar e
receitar. O interesse maior é no lado comercial, no lucro, infelizmente. É por
isso que existem hoje uma quantidade três vezes maior de farmácias do que
de fato precisamos. As unidades de saúde estão dispostas a atender as pacientes
da maneira devida”, comenta a ginecologista.
A doença é altamente curável e de custo baixo.
O paciente é acostumado a pensar: se não sinto nada, não irei ao médico. E quando
sentem algo ele tenta se automedicar. A cultura da prevenção é muito reduzida.
Nós temos o Atendimento de Atenção
Básica, que é feita nas unidades de saúde e o então o diagnóstico é baseado num
tripé: anamnese (formulário de perguntas e repostas sobre a história do
paciente); depois o exame físico para verificar os sintomas sobre o que o
paciente tem; e por fim, o exame complementar. Por exemplo: se ele te apresenta
uma ferida na parte genital. Uma ferida até então indolor: daí suspeitamos da
sífilis e fazemos o exame complementar.
Depois que o médico vê o exame e tem
o diagnostico ele vai aplicar o tratamento de acordo com o grau da doença. Não
é uma doença para ser automedicada.
A sífilis é uma doença e como
qualquer outra quando não tratada, ela evolui para casos mais graves. Pode ser
feita a neuro sífilis, quando há lesões nos cordões medulares e a pessoa fica
com uma marca típica de problemas neurológicos, além dos problemas de pele,
úlceras na boca, o acometimento dos órgãos internos, além de vários sintomas
que a doença pode causar. O diagnóstico precoce e os tratamentos certos evitam
estas formas mais graves da doença .
Normalmente na fase primária e
secundária, é bem mais eficaz. Se há uma ferida em qualquer parte do corpo,
especialmente na parte genital, procure um médico ou um ambulatório ao
invés de emergência. O importante é que haja um atendimento
responsável.
Na triagem do pré-natal existe uma
exame chamado VDRL (sigla em inglês que significa Venereal Disease Research
Laboratory), que é um exame de sangue que serve para diagnosticar a
sífilis, ou lues, que é uma doença sexualmente transmissível.
Quando se diagnostica na
grávida, e de acordo com o grau da doença, é aplicado o tratamento na dosagem.
Na maioria das vezes é usado a Penicilina Benzatina. Se a mulher não fez
o pré- natal, o exame é feito na hora do parto, através da coleta do sangue.
Na maioria das vezes quando a
infecção começa no início da gestação, ela pode abortar o bebê ou ele pode
sofrer algum tipo de deformação. O VDRL se faz no primeiro e terceiro
trimestre da gestação para evitar a doença.
“É importante que as pessoas tenham
nas suas cabeças que a saúde preventiva ainda é uma das formas mais baratas e
eficazes de tratar quaisquer doenças. Há a necessidade das pessoas terem um
médico de confiança para manter um atendimento regular e que possam buscá-lo
nos casos de doenças”, finaliza.
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